4.10.14

Jñana Ashtanga: os Oito Membros do Conhecimento*

Sri Ramana Maharishi

O jñana ashtanga aqui referido é retirado do Vichara Sangraham. Tudo indica que esta seja a primeira obra alguma vez escrita por Sri Ramana Maharishi por volta de 1901 quando tinha apenas 22 anos. Nessa altura, vivia na gruta Virupaksha na montanha sagrada de Arunachala. 
A obra surgiu a partir das questões que lhe foram colocadas por um certo número de discípulos que se reuniam à sua volta, apesar da sua tenra idade já era um reconhecido Mestre. Suas respostas são directas, maduras, profundas e práticas, e trazem clareza às questões do caminho da investigação sobre o Ser ou Verdadeiro Eu.
   
Questão: Quais são os oito membros do conhecimento (jñana ashtanga)?

Ramana Maharishi: Os oito membros (ou etapas) são aqueles que já foram referidos, a saber, yama, niyama, etc., mas definidos de modo distinto:

1 – Yama: Este é o controlo do conjunto dos orgãos dos sentidos, compreendendo os defeitos presentes no mundo nomeadamente no corpo, etc.
2 – Niyama: Este é manter o fluxo dos modos mentais relacionados com o Ser e rejeitando os outros modos contrários. Por outras palavras, isso significa que o amor surge ininterruptamente pelo Ser Supremo.
3 – Asana: Aquilo, que com a sua ajuda, torna possível a meditação constante no Brahman com facilidade é Asana.
4 – Pranayama: Rechaka (expiração) é a remoção dos dois aspectos irreais, o nome e a forma, dos objectos que constituem o mundo, o corpo, etc., puraka (inspiração) é  conhecer os três aspectos reais, existência, consciência e bem-aventurança, que são constantes nesses objectos, e kumbhaka é manter esses aspectos anteriormente conhecidos.
5 – Pratyahara: Isto é impedir que o nome e a forma que foram removidos voltem a entrar na mente.
6 – Dharana: Isto é fazer com que a mente fique no Coração, sem que se volte para fora, e realizar que o próprio Ser é Existência-Consciência-Bem-Aventurança. 
7 – Dhyana: Isto é meditação na forma ‘Eu sou apenas consciência pura’. Ou seja, depois de deixar de lado o corpo que é composto por cinco bainhas, interrogo-me ‘Quem sou Eu?’, e como resultado disso, permaneço como o ‘Eu’ que resplandece enquanto o Ser.
8 – Samadhi: Quando a ‘manifestação do Eu’ também cessa, surge a experiência directa (subtil). Isso é o samadhi.

Quanto ao pranayama etc., detalhado aqui, as disciplinas como o asana, etc, mencionadas com relação ao yoga não são necessárias. Os membros do conhecimento podem ser praticados em todos os lugares e em todos os momentos. Do yoga e do conhecimento, pode-se seguir o que fôr mais agradável para si, ou ambos, de acordo com as circunstâncias. Grandes professores dizem que o esquecimento é a raiz de todo o mal, e é a morte para aqueles que buscam a libertação, assim deve-se repousar a mente no seu próprio Ser, sem nunca esquecê-lo: este é o objectivo. Se a mente for controlada tudo o mais pode ser controlado. A diferença entre yoga com oito membros e conhecimento com oito membros foi definida elaboradamente nos textos sagrados; assim apenas o essencial deste ensinamento foi aqui dado.

 * tradução a partir do inglês para o português por Gonçalo Correia


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